.TERRITÓRIOS FLUTUANTES.
Na superfície das águas turvas, repousam sonhos e labirintos sustentados. Palafitas. Enredos construídos sobre estacas: Perfeito equilíbrio. Desequilíbrio.
À margem do rio, territórios poéticos se forjam. Flutuam. Transcendem a realidade; expressão máxima de cor. Entre água e terra, efêmero e eterno emergem conexões: Poesia.
Sob o manto das águas, a realidade se dissipa, desvenda um universo singular. Territórios oníricos, flutuantes, ocultos em fantasia, alicerçados em camadas líquidas do rio.
Entre correntezas, remansos e encantos, as águas encharcam a mente imaginativa. Através das palafitas, estacas, ripas e vigas; uma sinfonia poética cede lugar ao movimento inquieto do rio.
Dança das marés, o balanço sereno convoca habitar sonhos. Despeja a luz sagrada da natureza. Refúgio acolhedor. Às margens da ribeira, vozes anônimas ecoam suspiros selvagens da vida. Sussurro melancólico das águas. Melodia.
Lirismo fluvial sob a égide das palafitas, entrelaçadas em teias molhadas. Cores, signos vitais, palavras expandidas ao vento. No deslocamento das sombras, o pescador desvenda segredos clandestinos, sob o abrigo das águas.
Transgressão poética, insurgência estética, subversão da imagem de origem. Às margens incertas do rio repousam sonhos: Desequilíbrio singular.
Vida segue, se ergue das profundezas, acariciam a paisagem ribeirinha. Palafitas do tempo em cada viga, memórias. Em cada história, sustento.
Sol poente doura salobra as águas do rio em sinfonia crescente: Força vital. Resistência.
Colunas flutuantes edificadas com rigor, enfrentam marés, tecem fábulas, sustentam estruturas ancestrais. Dão forma e força aos espaços. Erguem-se além do tempo. Do vento.
Alicerces e vigas, forjadas com engenho protegem vidas quando o mundo ameaça tremer. Cenário fluvial.
Nas colunas da ribeira, ressoam histórias. Memórias desenrolam em meio às marés. Água sobe, água desce. No vai e vem das águas, a dança dos tempos guarda lembranças da pesca, do barco, da vida.
À margem do rio, ondas surgem, pequenas, serenas. Erguem eretas eternas colunas. Potentes, tangíveis, imponentes. Pilares concretos, de certo,
concreta e abriga a alma.
Às margens dos sonhos, palafitas erguidas, compridas, tingidas de luz e sombra. Territórios oníricos, fincados no imaginário popular. Estacas discretas arquitetam o sustento do mundo.
Estruturas de sonhos, desejos. Criam pontes, ligam ao inconsciente coletivo. Território de fantasia, segredos e mistérios: as palafitas revelam.
Ao entardecer, o sol se despede de sua grandeza eloquente; silhuetas se formam, cedem lugar à brandura inquieta da arquitetura do rio. Labirintos ocultos, mistérios à parte.
​
Arquitetura do desconhecido.
​
POR AZOL